top of page
Como Avaliar o Preço da Ação de uma Empresa?
Aprenda a investir e analisar o mercado com nosso conteúdo de análise fundamentalista, análise técnica e estratégias de inves

Indicadores de preço fornecem uma medida que indica se o preço das ações de determinada empresa está subavaliado, sobreavaliado ou num valor adequado em relação à performance de indicadores como receita líquida, lucro líquido, lucro EBITDA e valor patrimonial.

Dentre os indicadores de preço é mais comum entre os investidores a análise da média do preço de mercado, uma das bases da análise técnica. Essa mesma lógica pode ser aplicada aos demais indicadores de preço tais como Preço/Lucro, Preço/Valor Patrimonial, dentre outros.

Basicamente, a lógica seria que o preço de um determinado ativo estará subvalorizado quando estiver abaixo da sua média histórica e, sobrevalorizado quando estiver num valor acima. E, no caso de um indicador de preço, o preço do ativo estaria subvalorizado quando o indicador estiver num valor abaixo da sua média histórica e, sobrevalorizado quando estiver num valor acima.

A lógica predominante no investimento em valor é primeiramente avaliar o mercado e a economia como um todo e decidir se o momento é apropriado ou não para investir. Caso seja apropriado, deve-se escolher os setores que vêm apresentando as melhores performances e os menores riscos. A partir daí, deve-se escolher dentro destes as empresas que vêm apresentando as melhores performances e os menores riscos. E, por último, deve-se avaliar o preço de mercado de suas ações e os valores dos seus indicadores de preço.

Embora não levem em consideração os aspectos qualitativos da empresa, tais como nível de endividamento, eficiência, boa governança, vantagens competitivas e posição no setor, esses indicadores permitem ao investidor além de avaliar o preço de mercado das ações de uma empresa, definir os níveis em que o preço passa a se tornar sobreavaliado, indicando que há um maior risco de que se desvalorize, e definir os níveis em que o preço passa a se tornar subavaliado, indicando que há uma maior chance de que se valorize.

Dessa forma, visam indicar oportunidades para se comprar em momentos em que o preço do ativo se encontrar subvalorizado, bem como indicar o risco de se comprar em momentos em que o preço do ativo se encontrar sobrevalorizado.

Além disso, as médias dos indicadores das empresas de um determinado setor, bem como de todas as empresas listadas no mercado, também podem ser utilizadas para avaliar o valor de mercado desse setor e do mercado como um todo, indicando se o setor ou o mercado estão sub ou sobreavaliados.

E, da mesma forma, os valores dos indicadores de preço da empresa devem ser comparados às médias dos indicadores do setor e do mercado, de forma a identificar se o preço de mercado das ações dessa empresa está sub ou sobreavaliado em relação aos indicadores de preço das demais empresas do setor e em relação aos indicadores de preço do mercado como um todo.

 
“Não me diga no que estão as suas prioridades. Mostre-me onde você gasta seu dinheiro e eu direi o que são.”
James W. Frick

• Preço sobre Vendas - PSR - Este indicador compara o preço de mercado da ação com as vendas líquidas. Representa o quanto o mercado está disposto a pagar pela ação para cada R$ 1,00 que a empresa recebe em receitas líquidas anuais. Indica também quantos anos a empresa leva para gerar em receitas líquidas o seu valor de mercado. Valores abaixo de 2 podem ser considerados atrativos desde que os demais indicadores também apresentem bons scores.

Aprenda a investir e analisar o mercado com nosso conteúdo de análise fundamentalista, análise técnica e estratégias de inves

É um importante indicador, visto que o valor da empresa é definido em razão dos seus lucros futuros. Contudo, é mais relevante quando utilizado para comparar empresas do mesmo setor, visto as características próprias do negócio e do mercado variarem de setor para setor.

 

Cabe observar que em razão da receita líquida ser o denominador na fórmula do PSR, um grande aumento na receita líquida de um trimestre para o outro fará com que o PSR diminua, indicando que o preço da ação estaria “barato”, principalmente durante períodos de baixa no mercado quando a empresa tem seu valor de mercado desvalorizado.

O contrário pode ser observado em razão de uma grande redução na receita líquida, principalmente durante períodos de alta no mercado quando a empresa tem seu valor de mercado valorizado, o que fará com que PSR aumente, indicando que o preço da ação estaria “caro”.

Em razão da média histórica do PSR do índice S&P 500 ser 2, os investidores utilizam esse valor do PSR como uma referência para indicar que o preço de uma ação estaria num valor "justo". Portanto, valores muito acima de 2 indicariam sobrevalorização e valores abaixo de 2 indicariam subvalorização.

Contudo, essa referência nada mais é do que uma aproximação, ou seja, apesar de representar a média do mercado, essa referência não se aplica para todas as empresas em razão das diferentes realidades e aspectos dos setores econômicos, tais como carga tributária, custo de produção e de venda e insumos. Daí a importância em se utilizar a média histórica do PSR da empresa como parâmetro de comparação e de avaliação.

Nesta situação, uma ação que esteja apresentando um PSR abaixo do seu valor médio histórico ou abaixo da média do setor, desde que os demais fundamentos sejam atraentes, poderia indicar subvalorização pelo mercado e ser considerada uma boa oportunidade. Analogamente, um valor acima dessas médias poderia indicar a supervalorização desta, o que poderia implicar num maior risco para o investidor. 

Uma empresa que apresenta um baixo preço sobre vendas e também um baixo endividamento em relação às demais empresas do setor mostra-se ser uma melhor oportunidade de investimento, desde que sua margem de lucro seja próxima ou maior do que das demais. Logo, deve-se procurar dentro de um mesmo setor as empresas que apresentem altas margens de lucro líquido e baixos índices PSR.

Diferentemente do EV/EBITDA e do P/L, o PSR dificilmente será negativo, oferecendo uma medida de referência para a análise independentemente de a empresa apresentar lucro ou prejuízo, sem contar que a Receita Líquida costuma ser muito mais estável do que os lucros, além de estar menos sujeita a manipulações contábeis.

Entretanto, esse índice não deve ser visto isoladamente dos demais. Empresas com grande endividamento e/ou à beira da falência podem apresentar baixos índices de preço sobre vendas, o que poderia erroneamente indicar uma oportunidade. O mesmo ocorre numa empresa em que os custos dos produtos/serviços é muito elevado resultando numa baixa margem bruta e, consequentemente num baixo lucro líquido.

Além disso, uma empresa que apresenta um baixo P/L, mas um alto PSR é sinal de que algum evento causou um lucro não recorrente que elevou o lucro por ação e, consequentemente diminuiu o P/L, falsamente indicando uma subvalorização. Assim, torna-se fundamental analisar os demais indicadores, em especial os que avaliam a qualidade da empresa.

 

Critérios como maiores margens de lucro e baixo endividamento associados a baixos índices de preço sobre vendas são indicativos de uma boa oportunidade.

“A maior recompensa nos investimentos vem daqueles que, por sorte ou bom senso, encontraram aquelas companhias que podem crescer em vendas e lucros bem acima da indústria como um todo".
Philip A. Fisher

• EV/EBITDA - Este indicador compara o enterprise value com o EBITDA anual. Indica quantos anos a empresa levaria para gerar lucro EBITDA equivalente ao seu Enterprise Value. Diferentemente do P/L, ao se calcular o enterprise value leva-se em consideração as dívidas e as reservas de capitais da empresa, representando de uma forma mais abrangente o valor de uma empresa, pois se leva em consideração uma estimativa do valor do risco oferecido pela empresa.

Valores abaixo da média histórica indicariam que a empresa estaria subavaliada pelo mercado, apontando uma possível oportunidade para os investidores. Da mesma forma, valores muito acima da média indicariam que a empresa estaria sobreavaliada pelo mercado.

Aprenda a investir e analisar o mercado com nosso conteúdo de análise fundamentalista, análise técnica e estratégias de inves

O EV/EBITDA é um indicador semelhante ao P/L, porém é mais focado na atividade operacional da empresa. Os valores deste indicador, assim como acontece com o P/L, variam muito de setor para setor, sendo indicado para a comparação entre empresas de um mesmo setor. Recomenda-se comparar o EV/EBITDA da empresa com a média desse indicador para o setor, de forma que o investidor possa identificar quais empresas estão sub e sobreavaliadas em relação à média. 

Cabe observar que em razão do EBITDA ser o denominador na fórmula do EV/EBITDA, um grande aumento no EBITDA de um trimestre para o outro fará com que o EV/EBITDA diminua, indicando que o preço da ação estaria “barato”, principalmente durante períodos de baixa no mercado quando a empresa tem seu valor de mercado desvalorizado, reduzindo o seu EV.

 

O contrário pode ser observado em razão de uma grande redução no EBITDA, principalmente durante períodos de alta no mercado quando a empresa tem seu valor de mercado valorizado, o que fará com que EV aumente, indicando que o preço da ação estaria “caro”.

O EV/EBITDA relaciona, portanto, o valor da empresa e o seu resultado operacional. Se apenas o EV vem aumentando ao longo dos trimestres e o EBITDA não vem o acompanhando na mesma proporção temos a indicação de que o valor de mercado e/ou a dívida da empresa aumentaram, porém o resultado operacional não aumentou na mesma proporção, sinalizando uma queda de performance. Por outro lado, um aumento do EBITDA superior ao aumento do EV indica uma melhora na performance operacional da empresa, que conseguiu melhores resultado mesmo sem aumentar sua alavancagem.

Em razão do EV/EBITDA histórico médio do índice S&P 500 ser 10, os investidores utilizam esse valor do EV/EBITDA como uma referência para indicar que o preço de uma ação estaria num valor "justo". Portanto, valores muito acima de 10 indicariam sobrevalorização e valores abaixo de 10 indicariam subvalorização.

 

Contudo, essa referência nada mais é do que uma aproximação, ou seja, apesar de representar a média do mercado, essa referência não se aplica para todas as empresas em razão das diferentes realidades e aspectos dos setores econômicos, tais como tais como despesas de depreciação e de amortização, despesas operacionais e capacidade de geração de caixa operacional. Daí a importância em se utilizar a média histórica do EV/EBITDA da empresa como parâmetro de comparação e avaliação.

Há contudo uma importante ressalva. É importante acompanhar a proporção que a dívida líquida representa no Enterprise Value. Obviamente, quanto maior for a proporção da dívida líquida no EV maior será a alavancagem.

 

Uma empresa que aumentar muito a sua alavancagem, principalmente quando a dívida líquida se torna superior a 40% do EV, fará com que seu EV/EBITDA aumente em razão do aumento no EV, indicando que o preço da ação estaria mais caro, além de aumentar o risco do investidor em razão do aumento da alavancagem. Logo, é importante avaliar se o aumento do EV fora causado em maior grau pelo aumento do valor de mercado da empresa ou pelo aumento da sua dívida líquida.

O indicador obedece à mesma lógica de interpretação que o P/L, sendo este último no entanto limitado em relação ao EV/EBITDA por não levar em consideração as dívidas e pelo fato do EBITDA ser menos suscetível do que o lucro líquido a eventos não recorrentes, tais como ganhos judiciais, variações cambiais, etc.

 

Além disso, empresas do mesmo setor podem diferir em alavancagem, isto é, na razão entre dívidas e capital próprio. E como o EV da empresa inclui dívidas e capital próprio, o impacto da alavancagem sobre o índice EV/EBITDA é menor em comparação ao impacto sobre o P/L, tornando-o mais adequado para comparar tais empresas.

Contudo, em períodos em que a empresa apresentar prejuízo operacional, situação que tende a ser bem mais rara do que apresentar prejuízo líquido, assim como o P/L, esse indicador perde a validade, servindo apenas como um sinal de alerta, sendo preferível utilizar o PSR ou o P/VPA, os quais possibilitarão um melhor parâmetro de análise e comparação às demais empresas e à média do setor.

É importante se ter em mente que não se deve comprar um negócio somente porque ele está "barato". É importante que ele tenha qualidade. Normalmente os investidores compram ações porque acreditam que seus índices P/L ou PSR estão baixos mas acabam descobrindo que os preços estão "baratos" porque os lucros estão em declínio, as vendas vêm diminuindo e as dívidas vêm aumentando.

“As previsões podem dizer muito sobre quem faz as previsões, mas não dizem nada sobre o futuro.”
Warren Buffett

• Lucro por Ação – O índice LPA representa o quanto de lucro líquido anual a empresa gera por cada ação emitida no mercado. Obviamente, quanto maior melhor. Mas o que é realmente importante é verificar a capacidade da empresa em gerar um LPA crescente ao longo dos anos, além de avaliar o LPA em relação ao de outras empresas do setor para saber se está acima ou abaixo da média do segmento. 

Aprenda a investir e analisar o mercado com nosso conteúdo de análise fundamentalista, análise técnica e estratégias de inves

Por exemplo: Na data de 30/03/18 a VALE3 apresentava um LPA de 3,34 ou seja, para cada ação VALE3 a empresa gerou um lucro de R$ 3,34. É importante ressaltar que indicador não corresponde ao valor que será pago aos acionistas sob a forma de dividendos. O lucro que não é pago aos acionistas em forma de dividendos é acumulado no patrimônio líquido da empresa, possibilitando novos investimentos no ativo total e, consequentemente, fazendo com a que empresa cresça e gere maiores lucros no futuro.

Se isso ocorrer é razoável esperar que o seu preço de mercado valorize, no longo prazo, acompanhando a progressão do seu lucro por ação. O contrário ocorrerá quando uma empresa apresentar um histórico de lucros decrescentes, ou mesmo, de prejuízos, situação em que o seu preço de mercado se desvalorizará com o passar do tempo acompanhando as sucessivas quedas do seu lucro por ação.

Diante disso, desde que a empresa apresente LPA´s crescentes e os demais fundamentos sejam atraentes, momentos em que o preço de mercado estiver abaixo da sua média histórica podem indicar subvalorização e, momentos em que estiver muito acima da média sobrevalorização.

 

Cabe observar que em razão do número de ações ser o denominador na fórmula do LPA, um lançamento secundário de ações da empresa no mercado fará com que o LPA diminua, além de diluir os dividendos numa quantidade maior de ações reduzindo também o Dividend Yield, razão pela qual na maioria das vezes em que isso ocorre o preço da ação é desvalorizado pelo mercado.

O contrário ocorre diante da recompra de ações pelas próprias empresas, o que consequentemente aumenta o LPA e o Yield em virtude da diminuição do número das ações, o que é visto como um bom sinal pelo mercado, além de indicar que a empresa apresenta uma boa capacidade financeira, normalmente levando a valorização do preço de mercado da ação. Daí a importância em se utilizar a média histórica do LPA como parâmetro de comparação e avaliação.

Quando uma empresa retém seus lucros ela não precisa tomar dinheiro emprestado para adquirir novas empresas de seu ramo, para comprar novas máquinas ou para ampliar sua estrutura operacional, evitando o pagamento de juros de financiamentos e, consequentemente, o aumento do seu endividamento.

 

Empresas que reinvestem seus lucros na aquisição de novas empresas ou de bens que aumentarão sua produção e, mais adiante, os seus lucros e os seus patrimônios líquidos, são verdadeiras máquinas de produzir juros compostos. Assim, provavelmente as taxas de crescimento dos lucros e do Patrimônio Líquido sejam os fatores mais importante para premiar os acionistas com o passar dos anos.

“Os juros compostos são a força mais poderosa do Universo. Aqueles que entendem seu funcionamento, o recebem. Aqueles que não entendem, o pagam”.
Albert Einstein

• Preço sobre Lucro (Índice P/L) – Indica a relação entre o preço da ação e seu lucro por ação. Ou seja, calcula em quanto tempo a empresa irá receber de lucro por ação o valor de mercado de sua ação. É um índice usado para medir quão barato ou caro o preço de mercado da ação está, pois indica quantas vezes o preço é superior ao lucro.

 

Em outras palavras, indica quanto o mercado está disposto a pagar por cada R$ 1,00 de lucro gerado pela empresa. Quanto maior for o P/L maior será a expectativa do mercado sobre os resultados futuros da empresa e, consequentemente, maior será o risco para o investidor caso os resultados futuros fiquem abaixo dessa expectativa.

Aprenda a investir e analisar o mercado com nosso conteúdo de análise fundamentalista, análise técnica e estratégias de inves

Um P/L de 15 indica que o preço atual da ação representa 15 vezes o lucro gerado pela empresa nos últimos 12 meses por cada ação. Popularizado por Ben Graham (que usa uma série de outras técnicas além do P/L baixo para encontrar valor), o índice P/L tem sido comumente empregado em comparação com a taxa de crescimento de lucros por ação. Assumimos que uma companhia está próxima de seu preço justo quando o índice P/L está num valor próximo à taxa de crescimento do lucro por ação. 

É importantíssimo que no cálculo dos indicadores de preço seja utilizada a cotação mais recente ao invés da cotação da data em que o último resultado foi divulgado, o que geraria um valor irreal em razão da variação no preço da ação. O valor de mercado reflete a expectativa dos investidores em relação à atual performance da empresa e não à época em que foi lançado seu o último resultado.

 

O P/L divulgado pela grande maioria dos serviços de informações financeiras é calculado utilizando o preço da ação na data em que o resultado foi divulgado e não o preço atual de mercado. Portanto, é uma informação defasada que faz com que o indicador fique estático e não condizente à realidade.

O indicador pode ser visto como uma medida do grau de confiança que o mercado tem no desempenho da empresa, evidenciando o grau de “aquecimento” do mercado. Um P/L muito baixo pode indicar algum problema com a empresa. Quando isso acontece na maioria das vezes é em razão do mercado apresentar uma expectativa negativa em relação ao futuro da empresa e, por essa razão, os investidores aceitam vender a ação a um preço baixo por receio de que a situação possa piorar. E se os lucros realmente caírem o índice P/L da empresa obviamente irá subir, indicando que o preço da ação passara a ficar sobreavaliado em relação ao lucro.

Por outro lado, um P/L muito alto sugere que o preço da ação esteja caro ou que o lucro da empresa está muito baixo. Por exemplo, se o preço de uma ação aumentar de R$ 10,00 para R$ 15,00 o P/L aumenta e ela fica menos atrativa para os investidores. Já se o preço cair de R$ 10,00 para R$ 6,00 o P/L diminui e a ação se torna mais atrativa.

 

Quando isto ocorre os investidores começam a comprar esta ação e o seu preço começa a subir. Ao mesmo tempo em que o preço vai aumentando, o Índice P/L também aumenta, até certo limite, quando tanto o preço da ação quanto o seu P/L ficam altos demais e voltam a cair. Esta lógica é aplicada diariamente na bolsa e faz com que os índices P/L das empresas estejam sempre se movimentando em busca da média do mercado.

Assim, um P/L alto e crescente ao longo dos anos reflete uma alta demanda pela ação, pois o mercado acredita que a empresa crescerá numa taxa acima da média. E de fato, estudos comprovam que empresas que apresentam oportunidades significativas de crescimento tendem a ter índices P/L altos.

Entretanto, o mercado tende a reagir de forma exagerada, e neste caso tende a supervalorizar o preço da ação fazendo com que o seu preço de mercado se torne irrealista, alto demais. Em função disso, um alto risco pode estar associado às ações que possuem P/Ls muito altos ou que tenham aumentando muito rápido, pois o mercado tende a corrigir distorções de preço. Estudos têm demonstrado que comprar ações que apresentem os maiores P/Ls do mercado geram resultados inferiores ao índice Bovespa no longo prazo.

Em razão da média histórica do P/L do índice S&P 500 ser 15, os investidores utilizam esse valor do P/L como uma referência para indicar que o preço de uma ação estaria num valor "justo". Portanto, valores muito acima de 15 indicariam sobrevalorização e valores abaixo de 15 indicariam subvalorização.

 

Contudo, essa referência nada mais é do que uma aproximação, ou seja, apesar de representar a média do mercado, essa referência não se aplica para todas as empresas em razão das diferenças de fluxo de caixa, da alavancagem financeira, retornos, necessidade de imobilizados, dentre outros fatores inerentes a cada setor econômico.

Diante disso, a média histórica do P/L da empresa oferecerá uma importante referência para avaliar se o momento é bom para a compra ou para a venda da ação. Geralmente a cotação de uma ação oscila num determinado intervalo de preços em relação à média do seu P/L histórico. Ao estudar o P/L de uma empresa que vem apresentando lucros consecutivos e vem crescendo num intervalo de 3 a 5 anos é possível calcular o seu P/L médio neste período.

Nos períodos em que o indicador ficar abaixo do valor médio histórico o preço de mercado da ação estará bem atrativo, provavelmente próximo de um suporte. Nesta situação, uma ação que esteja apresentando um P/L abaixo do seu valor médio histórico ou abaixo da média do setor, desde que os demais fundamentos sejam atraentes, poderia indicar subvalorização pelo mercado e ser considerada uma boa oportunidade. Analogamente, um valor acima dessas médias poderia indicar a supervalorização desta, o que poderia implicar num maior risco para o investidor.

As evoluções do P/L e do Dividend Yield históricos são muito úteis para a comparação do desempenho e do retorno pago por empresas do mesmo setor. A média setorial desses indicadores é um excelente parâmetro de avaliação e de escolha. As empresas de tecnologia, por exemplo, geralmente têm índices P/L maiores do que as de insumos, pois estas últimas têm menos oportunidades de crescimento, embora tenham um risco menor. Em um mesmo setor as diferenças entre as oportunidades de crescimento também geram as maiores diferenças nos índices P/L.

Contudo, há aqueles que acreditam no contrário, ou seja, que um P/L alto normalmente significa que há uma expectativa muito positiva em relação ao futuro da empresa e por isso o mercado está disposto a pagar mais caro por essa ação. Em razão disso, a análise isolada do índice P/L nos diz pouco. É claro que uma ação de uma boa empresa que está apresentando um P/L baixo é atrativa, especialmente se estiver inferior à sua média histórica.

Mas o fato é que o investidor deve examinar o que pode explicá-lo. Será que o mercado não está atribuindo preços absurdamente altos ou baixos para o ativo? Como disse William O'Neil, "aquilo que parece arriscado e caro para a maioria das pessoas normalmente sobe mais, e aquilo que parece baixo e barato normalmente cai mais. A história sempre se repete”.

 
“Evite ideologias radicais, pois elas arruínam a sua mente.”
Harlie Munger

O P/L é um excelente indicador porque compara a percepção de valor do mercado com um dos múltiplos mais importantes, o LPA, possibilitando até mesmo sua a projeção, criando assim uma relação entre potencial de crescimento e o risco. De fato, estudos estatísticos têm mostrado que é preferível comprar ações quando o P/L apresenta valores baixos, o que teoricamente ofereceria uma certa margem de segurança para o investidor.

Historicamente ações com P/L´s baixos tendem a proporcionar rendimentos maiores do que ações com P/L´s altos. Assim, a estratégia mais comum usando o múltiplo P/L é a compra de ações com baixo P/L. A questão é definir o que é um P/L baixo. O valor do indicador flutua constantemente em razão das variações no preço de mercado da ação. Recomenda-se comparar o seu valor à sua média histórica, bem como à média do setor que a empresa atua. Assim, ambas as médias servirão como referenciais para interpretar se o P/L está alto ou se está baixo.

A lógica seria que uma ação cotada abaixo da média histórica do seu P/L ou do P/L do setor estaria subavaliada, o que poderia indicar uma “barganha”. Da mesma forma, uma ação cotada a valores muito acima da média do seu P/L histórico estaria muito cara, aumentando o risco de que seu preço caia e o P/L volte a se aproximar da sua média histórica.

 

Em razão do lucro ser o denominador na fórmula do P/L, um grande aumento no lucro líquido de um trimestre para o outro fará com que o P/L diminua, indicando que o preço da ação estaria “barato”, principalmente durante períodos de baixa no mercado quando a empresa tem seu valor de mercado desvalorizado.

O contrário pode ser observado em razão de uma grande redução no lucro líquido, principalmente durante períodos de alta no mercado quando a empresa tem seu valor de mercado valorizado, o que fará com que P/L aumente, indicando que o preço da ação estaria “caro”. Daí a importância em se utilizar a média histórica do P/L como parâmetro de comparação e avaliação.

Entretanto, nem sempre empresas que apresentam baixos P/Ls estão subvalorizadas. Muitas vezes por apresentarem perspectivas fracas ou inexistentes para o seu crescimento futuro e para os seus resultados, e por estarem sujeitas a um alto risco, o P/L dessas empresas pode parecer atraente. Teoricamente, nessa lógica de raciocínio as melhores ações seriam aquelas que tivessem perdido mais preço de mercado, apresentando assim baixos P/Ls. Comprar ações nessas condições é uma das piores estratégias de investimento. Como escreveu Peter Lynch: Investir nesse tipo de ação é como tentar pegar uma faca caindo.

O conceito do índice P/L deve ser dinâmico, ou seja, sua utilização deve conter as perspectivas de desenvolvimento da empresa e de seus lucros de acordo com o ponto de vista do investidor. Sua variação ao longo dos anos também deve ser comparada às variações no preço de mercado da ação.

 

Entretanto, no Brasil o lucro de uma empresa pode apresentar grandes variações de um ano para o outro, desta forma, o P/L calculado sobre o lucro passado pode nada significar, enquanto que as projeções de lucros constituem exercícios que em certos casos beiram a adivinhação.

Além disso, como disse John Neff, "o preço não pode aumentar eternamente. Eventualmente até mesmo as melhores ações acabam sem gasolina. Acreditar que uma ação com um P/L de 55x é uma boa compra porque ela pode chegar a 70x é jogar contra as probabilidades."

Assim, o Índice P/L só faz sentido quando empregado em comparação com a taxa de crescimento de lucros. Se uma companhia perdeu dinheiro no último ano, ou sofreu uma diminuição no seu lucro por ação nos últimos 12 meses, o P/L se torna pouco útil. Não adiantaria investir numa empresa cujo índice P/L é baixo mas os seus lucros são decrescentes, pois se as cotações também caírem o P/L continuará baixo, mas será um péssimo investimento.

Além disso, é importante ressaltar que lucros negativos não fazem sentido, logo, não podemos utilizar este múltiplo em empresas que tenham apresentado prejuízo líquido no período, situação em que seria mais cabível avaliá-las pelo P/VPA, pelo EV/EBITDA ou pelo PSR, pois esses dificilmente serão negativos, possibilitando um melhor parâmetro de análise e comparação às demais empresas e à média do setor.

Setores diferentes podem apresentar P/Ls diferentes. Um valor baixo para um setor pode ser alto para outro setor. Empresas de diferentes valores de mercado (tamanho) também apresentarão diferentes P/Ls. Empresas de grande porte normalmente apresentam P/Ls menores que empresas de pequeno e médio porte. Assim como na utilização de outros indicadores comparativos, é mais seguro comparar o P/L de uma ação com o de outra empresa do mesmo setor.

 

O investidor deve indagar porque este indicador está excepcionalmente baixo ou alto quando comparado ao das demais empresas do setor (média do setor). Verifique se não existe um desconto muito alto. Se existir, estude a fundo para saber se não há algo ruim em relação à empresa que leve a esse desconto anormal.

Empresas cujos lucros crescem muito rápido tendem a ter um P/L maior, e empresas cujos lucros crescem muito devagar não podem ter um P/L muito alto. Quanto maior o ritmo de crescimento dos lucros da empresa maior o índice P/L justo a ser pago por ela.

 

O ideal seria encontrar empresas que vêm apresentando um crescimento percentual de seus lucros e retornos sobre seus patrimônios líquidos superiores aos seus P/Ls. Ou seja, o melhor a se fazer é comprar uma empresa de forte crescimento com um P/L baixíssimo, como ocorreu durante a crise de 2008.

Assim, como nos demais indicadores de preço, cabe observar que em razão do lucro líquido ser o denominador na fórmula do P/L, um grande aumento no lucro líquido de um trimestre para o outro fará com que o P/L diminua, indicando que o preço da ação estaria “barato”, principalmente durante períodos de baixa no mercado quando a empresa tem seu valor de mercado desvalorizado.

 

O contrário pode ser observado em razão de uma grande redução no lucro líquido, principalmente durante períodos de alta no mercado quando a empresa tem seu valor de mercado valorizado, o que fará com que P/L aumente, indicando que o preço da ação estaria “caro”.

Vale ressaltar que o acontecimento de um evento particular que gere lucros extraordinários ou um histórico de volatilidade dos lucros (períodos de prejuízos) irá distorcer os valores históricos do P/L, invalidando o seu uso. Um lucro ou um prejuízo financeiro excepcionalmente alto, eventos não recorrentes, tais como ganhos/perdas judiciais, venda de ativos e de subsidiárias, assim como elevadas despesas com amortização e depreciação, por serem contabilizados no lucro líquido geram um grande impacto no seu valor.

Logo, uma empresa pode apurar um lucro líquido/prejuízo líquido alto decorrente predominantemente de receitas/despesas não operacionais, gerando uma falsa indicação de que a empresa é lucrativa/deficitária. Portanto, o P/L nestas situações estará distorcido e gerará uma falsa indicação de sub ou de sobrevalorização.

Estratégias usando a relação entre o preço e o lucro por ação são muito comuns entre os investidores, sendo o P/L um dos múltiplos mais conhecidos e utilizados. É provavelmente o mais consistente indicador de ressalva quanto ao otimismo excessivo no mercado. Investidores Buy & Hold utilizam o P/L como um dos principais filtros para compra de ações e muito se discute se empresas com baixo P/L estão realmente subvalorizadas e apresentam boa perspectiva de retorno futuro.

 

Nunca compre uma ação analisando somente o P/L. Esse é um dos maiores erros dos investidores, pois muitos acreditam que P/L baixo é sinônimo de compra. O ideal é aliar o P/L a outros múltiplos e pré-requisitos, pois a qualidade é mais importante que valores baratos em indicadores de preço.

O preço, apesar de importante, será o último indicador a ser analisado, seja através da análise técnica ou da análise fundamentalista dos indicadores de preço (P/L, PSR, P/VPA, etc), servindo como critério para definir se o momento é apropriado ou não para investir, ou seja, se a ação está sobre ou subavaliada.

 

O primeiro passo é avaliar a qualidade das empresas, ou seja, analisar suas rentabilidades, liquidez, endividamentos e os riscos que oferecem, selecionando aquelas que possuam os melhores desempenho e os menores riscos. Como disse Buffett, de nada adianta comprar uma ação por um preço “barato” se a performance da empresa é péssima.

“O mercado é um pêndulo que sempre oscila entre um otimismo insustentável, que torna as ações muito caras, e um pessimismo injustificável, que as torna muito baratas. O Investidor Inteligente é um realista que vende para otimistas e compra de pessimistas”.
Benjamin Graham
• Preço sobre Fluxo de Caixa Operacional - P/FCO - Este indicador compara o preço da ação com o fluxo de caixa operacional por ação. Representa o quanto o mercado está disposto a pagar pela ação para cada R$ 1,00 que a empresa gera de caixa operacional anual. Assim, indica o quanto vale para o mercado a capacidade de geração de caixa operacional da empresa. Um P/FCO de 15 indica que o preço atual da ação corresponde a 15 vezes o caixa operacional gerado pela empresa por nos últimos 12 meses.
Aprenda a investir e analisar o mercado com nosso conteúdo de análise fundamentalista, análise técnica e estratégias de inves

Numa empresa que tem gerado um histórico positivo de caixa operacional é possível projetar o valor futuro de suas ações usando como base o seu fluxo de caixa operacional. Desde que a geração de caixa operacional seja alta e suficiente para que a empresa faça os investimentos necessários e para que pague a parte das suas dívidas e financiamentos, valores deste indicador quando muito abaixo da média histórica poderiam indicar subvalorização. E, da mesma forma, valores desse indicador quando muito acima da média histórica poderiam indicar sobrevalorização, especialmente nos casos em que a geração de caixa operacional é baixa.

Como o FCO é o denominador da fórmula do P/FCO, uma empresa que apresenta uma baixa geração de caixa operacional consequentemente apresentaria valores altos de P/FCO em razão do FCO ser baixo. Nesta situação, obviamente, haveriam dois problemas, pois além de apresentar baixa rentabilidade operacional o preço de suas ações estaria sobreavaliado, indicando um maior risco para o investidor.

 

Por outro lado, quando o FCO é alto e o indicador P/FCO está abaixo da sua média histórica é um indicativo de que a alta capacidade de geração de caixa operacional apresentada pela empresa não estaria refletida no preço de suas ações, indicando que estariam subvalorizadas.

Em razão da média histórica do P/FCO do índice S&P 500 ser 10, os investidores utilizam esse valor do P/FCO como uma referência para indicar que o preço de uma ação estaria num valor "justo". Portanto, valores muito acima de 10 indicariam sobrevalorização e valores abaixo de 10 indicariam subvalorização.

Contudo, essa referência nada mais é do que uma aproximação, ou seja, apesar de representar a média do mercado, essa referência não se aplica para todas as empresas em razão das diferenças de fluxo de caixa, necessidades de investimentos, nível de endividamento e de alavancagem financeira, dentre outros fatores inerentes a cada setor econômico, bem como o estágio de maturação e a perspectiva de crescimento da própria empresa.

Por exemplo, empresas em estágios iniciais ou de tecnologia costumam apresentar valores médios de P/FCO muito acima da média de uma indústria, de uma empresa aérea ou de uma elétrica em razão destas últimas requererem expressiva quantidade de capital intensivo, o que em comparação faz com que seu potencial de crescimento proporcionalmente ao seu tamanho seja menor em relação às empresas de tecnologia e de serviços que normalmente requerem menos capital para funcionar.

 

Portanto, a definição do que seria um P/FCO alto ou baixo deve ser feita dentro do contexto do negócio da empresa e do seu potencial de crescimento relativo ao seu tamanho e à sua necessidade de capital.

Diante disso, recomenda-se comparar o seu valor à sua média histórica, bem como à média do setor que a empresa atua. Assim, ambas as médias servirão como referenciais para interpretar se o P/FCO está alto ou se está baixo. Assim como ocorre com o crescimento do patrimônio líquido, o crescimento do fluxo de caixa operacional ao longo dos anos deve gerar a valorização do preço de mercado das ações da empresa.

 

Portanto, um P/FCO baixo indicaria que o fluxo de caixa está alto em relação ao preço da ação, indicando uma possível oportunidade. Além disso, empresas que conseguem manter uma geração de caixa alta e constante costumam apresentar valores mais altos de P/FCO diante do maior potencial de crescimento e de liquidez financeira que essa geração de caixa pode proporcionar.

Um lucro/prejuízo financeiro fora do padrão, ou seja, excepcionalmente alto, eventos não recorrentes, tais como ganhos/perdas judiciais, venda de ativos e de subsidiárias, assim como elevadas despesas com amortização e depreciação, por serem contabilizados no lucro líquido geram um grande impacto no seu valor. Logo, uma empresa pode apurar um lucro líquido/prejuízo líquido alto decorrente predominantemente de receitas/despesas não operacionais, gerando uma falsa indicação de que a empresa é lucrativa/deficitária.

Portanto, o P/L nestas situações estará distorcido e gerará uma falsa indicação de sub ou de sobrevalorização. O P/FCO, por sua vez, é menos suscetível a distorções por não ser impactado pela depreciação e amortização, pelo resultado financeiro e pelo resultado das atividades descontinuadas, como no caso do P/L, e por não estar sujeito a estimativas subjetivas e precificações superestimadas de ativos, como no caso do P/VPA, oferece, portanto, uma indicação de valor mais realista pelo fato do fluxo de caixa ser menos suscetível a manipulações contábeis.

 

Além disso, permite ainda avaliar o preço da ação de empresas que apresentaram fluxos de caixa operacional positivos mas prejuízos líquidos, situação em que o P/L não poderia ser utilizado.

Dessa forma, é interessante comparar o P/L com o P/FCO, de forma a identificar discrepâncias, ou seja, situações em que o P/L está abaixo da média, indicando uma possível oportunidade, mas o P/FCO está na média, ou mesmo, acima dela, indicando o oposto do P/L, o que sugere que algum evento não recorrente, como o recebimento de uma indenização judicial, elevou o lucro líquido resultando num P/L abaixo da média, uma indicação de oportunidade que não é corroborada pelo P/FCO.

Entretanto, o P/FCO por não considerar o impacto do resultado financeiro, das necessidades de investimentos e do endividamento pode gerar falsos sinais de subvalorização em empresas extremamente endividadas e/ou que necessitam de recorrentes novos e volumosos investimentos, bem como em empresas que apresentam elevados prejuízos financeiros, não considerando assim a saúde financeira da empresa na sua indicação.

Essa na verdade é a crítica a todos os indicadores de preço, o fato de não considerarem os aspectos qualitativos e os riscos oferecidos pela empresa na sua avaliação. Uma correta avaliação de valor deve levar em consideração além do preço também a capacidade de pagamento das dívidas, a rentabilidade proporcionada pelos investimentos e o impacto do resultado financeiro. Por isso, é recomendado avaliar os demais indicadores de preço de forma a evitar falsas indicações, bem como os indicadores de rentabilidade, de endividamento e de liquidez.

Obviamente, caso a empresa apresente um fluxo de caixa operacional negativo a avaliação pelo P/FCO perde o sentido e o resultado negativo servirá apenas como um alerta para o investidor, assim como ocorre com o P/L diante de um prejuízo líquido.

 

Entretanto, estudos estatísticos têm mostrado que investir em momentos em que a empresa estiver apresentando um P/FCO baixo, ou muito abaixo da sua média histórica, gera retornos superiores à média do mercado. Analogamente, foi comprovado também que investir em momentos em que a empresa estiver apresentando um P/FCO muito alto, ou muito acima da sua média histórica, gera retornos bem inferiores à média do mercado. Essas relações também foram comprovadas para o P/L e para o P/VPA.

 

"Comece sempre no final, antes fazer um investimento. Os investidores profissionais sempre têm uma estratégia de saída antes de investir. Saber sua estratégia de saída é um importante indicador financeiro."

 

• Valor Patrimonial da Ação – O patrimônio líquido representa a riqueza dos acionistas na empresa. O conceito teórico é que uma empresa deveria valer no mínimo o valor do seu patrimônio líquido, que corresponde ao capital investido pelos acionistas mais os lucros não distribuídos.

 

Esse seria o valor contábil, o qual se refere ao valor dos recursos próprios da empresa, ou seja, a diferença existente entre ativo total e passivo exigível, ou seja, o seu patrimônio líquido. O valor patrimonial da ação é calculado da seguinte forma: 

Aprenda a investir e analisar o mercado com nosso conteúdo de análise fundamentalista, análise técnica e estratégias de inves

Indica quantos reais de patrimônio cada acionista possui para cada ação que lhe pertence, ou seja, o quanto uma ação vale diante do patrimônio da empresa. Esse indicador não leva em consideração na avaliação do preço da ação a capacidade de geração de lucro da empresa, principal razão que leva o mercado a cotá-la por um valor acima do patrimonial caso a expectativa de lucro seja positiva, ou, abaixo, caso a expectativa de lucro seja negativa.

 

A tendência crescente deste índice significará que a empresa conseguiu aumentar seu patrimônio em benefício do investidor e é a tendência desejável. Assim, vemos que um aumento do Valor Patrimonial por Ação deve acarretar num aumento do valor intrínseco e do preço da ação, sendo o inverso também verdadeiro.

Teoricamente, quando uma ação é negociada acima de seu VPA entende-se que o mercado aceita pagar um “ágio” por ela, pois a expectativa de crescimento, de bons resultados e consequentes dividendos justificam esse sobrepreço. O contrário acontece quando a ação é negociada abaixo de seu VPA. Nesse caso, o entendimento é de que a ação deve ser negociada com um “deságio”, pois a expectativa do mercado é que a empresa tenha um desempenho ruim.

Assim, ações de empresas que crescem e que vêm apresentando bons resultados ao longo dos anos dificilmente ficam cotadas a valores abaixo dos seus VPA´s. Nestes casos os investidores devem comparar o histórico do preço de mercado ao histórico do VPA, de forma a identificar os momentos em que o preço de mercado estiver flutuando num patamar mais próximo do seu VPA, o que poderia indicar uma subvalorização dessa ação. De maneira oposta, os momentos em que o preço de mercado estiver flutuando num patamar muito acima do seu VPA poderiam indicar sobrevalorização dessa ação.

Outro importante indicador de bom desempenho da empresa é um longo histórico de recompra de ações próprias. Para tanto uma empresa precisa de capital disponível. Empresas com vantagem competitiva duradoura têm o poder econômico para implementar programas de recompra de ações ao longo prazo.

 

Quando uma empresa compra as suas próprias ações o número de ações existentes no mercado diminui, provocando um aumento do percentual de participação na empresa de cada acionista, sem que haja necessidade do mesmo injetar mais capital, o que consequentemente também aumentará além do VPA e do LPA o dividend yield, ou seja, o retorno do acionista irá aumentar.

“Eu prefiro comprar um excelente negócio por um preço razoável do que comprar um negócio razoável por um excelente preço”.
Warren Buffett

• Preço/Valor Patrimonial (P/VPA) - Compara o valor de mercado da ação com seu valor contábil. Indica o quanto o mercado está disposto a pagar, atualmente, pelo valor patrimonial da ação. Em tese, quanto mais baixo este índice mais “barata” estaria a ação. Se uma ação possui um VPA de R$ 10,00 e está sendo negociada a R$ 15,00, o P/VPA dessa empresa será de 1,5, ou seja, o mercado está cobrando por essa ação uma vez e meia o seu VPA. De maneira análoga, se essa empresa estiver sendo negociada a R$ 5,00 seu P/VPA será de 0,5, ou seja, o mercado está cobrando por essa ação a metade do seu VPA.

Aprenda a investir e analisar o mercado com nosso conteúdo de análise fundamentalista, análise técnica e estratégias de inves

Um índice P/VPA igual a 1 significa que a ação está sendo negociada pelo equivalente ao seu valor patrimonial. Se esse índice for superior a 1 indica que o mercado está aceitando pagar mais pela ação do que o seu valor patrimonial. Isso faz sentido quando as expectativas do mercado em relação ao crescimento do lucro da empresa são tão altas que o patrimônio líquido possivelmente crescerá a uma taxa relativamente elevada nos próximos anos compensando pagar esse “ágio”.

 

Nesta situação, uma ação que esteja apresentando um P/VPA acima de 1, porém abaixo do seu valor médio histórico, desde que os demais fundamentos sejam atraentes, poderia ser considerada uma boa oportunidade.

Um índice P/VPA inferior a 1, por sua vez, indica que o mercado somente está disposto a pagar pela ação um preço inferior ao seu valor patrimonial. Um dos critérios propostos por Benjamin Graham para encontrar boas empresas a preços “baratos” era justamente procurar por ações de boas empresas que estivessem negociadas abaixo de 2/3 do seu valor patrimonial. Ou seja, a uma relação P/VPA inferior a 0,66.

Contudo, não se deve utilizar unicamente a relação P/VPA para decidir uma compra de uma ação. Normalmente a ação de uma empresa é negociada a preços muito inferiores ao seu patrimônio líquido apenas quando o mercado acredita que ela está passando por problemas em suas atividades operacionais, e na maioria das vezes está. Como disse Philip Fisher: “Uma porcaria barata ainda assim será uma porcaria!”

Assim, cabe observar que em razão do valor patrimonial ser o denominador na fórmula do P/VPA, um grande aumento no patrimônio líquido de um trimestre para o outro fará com que o P/VPA diminua, indicando que o preço da ação estaria "barato", principalmente durante períodos de baixa no mercado quando a empresa tem seu valor de mercado desvalorizado, o que poderia resultar na valorização do preço de mercado da ação de forma que volte a se ajustar ao P/VPA médio.

O contrário pode ser observado em razão de uma grande redução no patrimônio líquido, o que fará com que P/VPA aumente, indicando que o preço da ação estaria "caro", principalmente durante períodos de alta no mercado quando a empresa tem seu valor de mercado valorizado, o que poderia resultar na desvalorização do preço de mercado da ação de forma que volte a se ajustar ao P/VPA médio. Daí a importância em se utilizar a média histórica do P/VPA como parâmetro de comparação e avaliação.

Em razão da média histórica do P/VPA do índice S&P 500 ser 2.5, os investidores utilizam esse valor do P/VPA como uma referência para indicar que o preço de uma ação estaria num valor "justo", visto que raramente o P/VPA de ação de uma empresa que apresente bons fundamentos fica abaixo de 2.5. Portanto, valores muito acima de 2.5 indicariam sobrevalorização e valores abaixo de 2.5 indicariam subvalorização.

 

Contudo, essa referência nada mais é do que uma aproximação, ou seja, apesar de representar a média do mercado, essa referência não se aplica para todas as empresas em razão das diferentes características de cada setor, tais como quantidade de ativos imobilizados, de ativos intangíveis, de endividamento, de patrimônio líquido, bem como os retornos sobre o patrimônio líquido, dentre outros.

Diante disso, recomenda-se comparar o valor do P/VPA à sua média histórica, bem como à média do setor que a empresa atua. Assim, ambas as médias servirão como referenciais para interpretar se o P/VPA está alto ou se está baixo. E, da mesma forma como acontece com o P/L, estudos estatísticos têm mostrado que é preferível comprar ações quando o seu P/VPA apresenta valores abaixo da sua média histórica. Logo, historicamente ações com P/VPA´s baixos tendem a proporcionar rendimentos maiores do que ações com P/VPA´s altos.

Além disso, há uma relação direta entre o ROE e o P/VPA, ou seja, quanto maior o ROE maior tende a ser o P/VPA e vice versa, de forma que empresas que geram elevados ROEs normalmente apresentam elevados valores de P/VPA. Portanto, os investidores devem buscar empresas que vêm apresentando altos ROE´s e P/VPA´s abaixo das suas médias históricas.

 

Vale destacar que em situações em que a empresa apresentou prejuízo no período analisado, não podendo ser avaliada pelo índice P/L, ou pelo EV/EBITDA nos casos em que apresentar prejuízo operacional, o índice P/VPA permitirá avaliá-la.

“A dificuldade não está em identificar o que é um bom negócio hoje. A verdadeira dificuldade é encontrar o que será um bom negócio daqui a cinco ou dez anos.”

Jean-Marie Eveillard

Assim, o P/VPA fornece uma forma padronizada de enxergar a relação do preço de negociação da ação com seu respectivo VPA, funcionando como um valor de referência que facilita a análise comparativa. Ações negociadas a preços muito acima das médias históricas dos seus VPAs podem expor o investidor a maiores riscos, uma vez que a parte do “ágio” nos preços dessas ações é muito grande (expectativa) e a parte do patrimônio líquido é muito pequena. Um valor maior para o P/VPA embute uma expectativa de crescimento da empresa, mas por outro lado existe o risco desta expectativa não se cumprir.

Nesses casos, uma mudança de expectativa pode causar uma grande correção no preço do papel, traduzindo-se em uma grande perda ao investidor, assim como aconteceu no segmento de construção civil afetado pela crise global que teve início em 2008. As ações desse segmento chegaram a ser negociadas no ano de 2008 com um P/VPA de até 3.5, ou seja, seu preço de mercado estava mais de três vezes acima de seu VPA. Após o estouro da crise e a consequente queda nas expectativas para o setor essas mesmas ações despencaram entre 70 e 80%, atingindo um P/VPA de 0,4.

Cabe observar que apesar do uso do P/VPA ser muito útil durante esses períodos de crise, quando a irracionalidade dos investidores é tão exacerbada que não é raro ver empresas sendo negociadas abaixo do valor dos seus ativos circulantes líquidos, a sua lógica não atende a todos os setores econômicos.

 

Em setores tais como o de serviços e de TI que apresentam grande volume de ativos intangíveis e menores patrimônios líquidos se comparado a indústrias e bancos o patrimônio líquido não reflete bem o valor da empresa, podendo parecer que tais empresas estariam sobreavaliadas, sendo mais indicado avaliar o histórico do P/L nestes casos.

 

Por isso, o múltiplo P/VPA continua sendo utilizado apenas em setores onde os ativos possam ser calculados periodicamente a valor de mercado. É o caso dos bancos nos quais seus ativos (títulos públicos e privados), em regra, possuem um mercado líquido de compra e venda.

Além disso, as empresas que apresentam passivo a descoberto, ou seja, possuem mais dívidas do que ativos e, portanto, os seus patrimônios líquidos são negativos, não podem ser analisadas através do P/VPA, visto que o indicador será negativo, servindo apenas como um sinal de alerta. Isso também é válido nas situações em que a empresa apresentar pouquíssimo patrimônio líquido em relação às suas dívidas.

 

Nestes casos o PSR possibilitará um melhor parâmetro de análise e comparação às demais empresas e à média do setor, assim como o EV/EBITDA, caso a empresa apresente lucro operacional, ou o P/L, caso a empresa apresente lucro líquido.

Concluindo, uma empresa cuja ação esteja sendo negociada com deságio em relação ao seu valor patrimonial não é necessariamente barata. Mas especificamente é de esperar que empresas com baixo retorno sobre o patrimônio líquido, risco elevado e baixo potencial de crescimento sejam negociadas a baixos múltiplos preço/valor patrimonial. Assim, se quisermos encontrar empresas subvalorizadas pelo mercado teremos de encontrar descasamentos.

 

Ou seja, empresas que vêm apresentando bons resultados e estejam negociadas a baixos múltiplos preço/valor patrimonial em relação às suas médias históricas e que sejam capazes de manter um razoável retorno sobre o patrimônio líquido. 

“Quem tem dinheiro paga, mas nunca paga caro”.
Alvaro Corrado

Em razão dos cálculos do P/VPA, PSR, P/L e P/FCO utilizarem o número de ações da empresa no cálculo do valor utilizado como denominador em suas fórmulas, uma empresa cujo capital está diluído numa grande quantidade de ações, obviamente, apresentará valores desses indicadores abaixo da média das demais empresas, sendo o contrário também verdadeiro para uma empresa cujo capital está menos diluído, a qual apresentará valores desses indicadores acima da média das demais.

Da mesma forma, em razão do cálculo do EV utilizar a dívida líquida, empresas que apresentam grande alavancagem financeira apresentarão um EV/EBITDA acima da média das demais empresas. Portanto, nestes casos os valores médios do S&P500 não poderão ser utilizados como referência para avaliar se o preço dessa ação estaria caro ou barato, sendo ideal utilizar os valores médios dos indicadores de preço dessa empresa como referência.

Além disso, existem diversos outros aspectos além do preço e dos indicadores de preço que avaliam a performance e o risco apresentado pela empresa, pelo setor e pelo mercado como um todo, desde aspectos e indicadores macroeconômicos e setoriais até os aspectos microeconômicos qualitativos e quantitativos, tais como os indicadores de rentabilidade, de liquidez e de endividamento, bem como as suas evoluções ao longo do tempo, a demanda por seus produtos e os seus preços, os valores dos seus insumos, sua concorrência, dentre outros.

Portanto, é preciso deixar claro que, conforme fora dito anteriormente, o preço apesar de importante deve ser o último indicador a ser analisado. De nada adianta o preço de mercado de determinada empresa estar subavaliado segundo determinado indicador ou segundo o gráfico de preços se a rentabilidade da empresa é baixa, sendo pior ainda caso a empresa venha apresentando um histórico de prejuízos.

E, ainda que a empresa seja lucrativa, caso o seu endividamento seja excessivo, é possível que os indicadores mostrem que o preço de suas ações esteja subvalorizado, gerando uma falsa indicação de oportunidade, visto que seu valor está baixo justamente em razão do elevado risco apresentado por ela e, consequentemente, da baixa expectativa do mercado em relação à sua performance e segurança financeira.

Por mais que sejamos cuidadosos e criteriosos nas nossas escolhas, o risco que nenhum investidor pode eliminar é o de errar. É minimizando as probabilidades de sofrer prejuízos irreversíveis, maximizando as chances de obter ganhos sustentáveis e, ao mesmo tempo, investido através do que Graham chamou de “margem de segurança”, ou seja, nunca pagar um preço elevado demais, independentemente de quanto um investimento possa ser atraente, que você poderá minimizar os riscos de errar.

 
"Se formos nós quem comanda nossa riqueza, somos de fato ricos e livres. Se for nossa riqueza quem nos comanda, seremos de fato pobres e aprisionados."
Edmund Burke
bottom of page